quarta-feira, 21 de maio de 2008

Abortos inseguros


Epidemiologia da gravidez de risco

Na EPIDEMIOLOGIA, sabe-se que as informações existentes no Brasil são restritas e pouco completas, pois foram colhidas em poucas cidades e estados, ficando aquém da realidade brasileira. Este projeto tem como objetivo atingir estatisticamente e cientificamente um número mais exato possível daquele que já existe, para que as medidas preventivas possam ser efetivamente planejadas e desenvolvidas.
Quanto mais próximo chegarmos da realidade, maiores e melhores condições teremos de se levantar resultados. E estes poderão ser usados para o benefício de toda a população de nosso país, através de Órgãos Públicos Federais, Estaduais e Municipais, parceiros deste projeto, bem como na otimização dos esforços feitos nas campanhas e programas de prevenção .

Resultado da PUBMED

BACKGROUND AND OBJECTIVE: Breastfeeding is considered to be a protective factor against obesity in healthy children. But previous studies about the effect of breastfeeding in the offspring of diabetic mothers have provided inconsistent results. It was the aim of this study to assess the effect of breastfeeding on the risk of becoming overweight at two years of age in children of these mothers. METHODS: In a prospective cohort study data on exclusive or partial breastfeeding habits, were obtained from questionnaires given to 816 mothers, aged between 17 and 43 years, with type 1 diabetes. Weight and height of their children was obtained from their pediatric records. Children with a BMI (3) 90th percentile were classified as being overweight. RESULTS: 77.9 % of all mothers started breastfeeding after the child's birth. Six months later 33.1 % were still breast-feeding. 14.5 % of all children were overweight at two years of age. After adjusting for smoking in pregnancy and the child's gender and birth weight, there was a risk reduction for overweight of 60 % (OR=0.405; 95%-CI: 0.211-0.779) for breastfeeding duration of 12 to 25 weeks. A similar positive association was found for predominant breastfeeding for a duration of at least four months (OR=0.500; 95%-CI: 0.282-0.887). Protective effects were already present when the duration of breastfeeding was four weeks or more. CONCLUSIONS: Mothers with type 1 diabetes breastfed less and for a shorter duration than those in the general population. Breastfeeding duration of at least four weeks was associated with a reduced risk for overweight at two years of age. Special needs regarding diabetes management have to be taken into account.

Descritor da PUBMED

1:
Related ArticlesKreichauf S, Pflüger M, Hummel S, Ziegler AG.

[Breastfeeding and risk of becoming overweight in offspring of mothers with type 1 diabetes.]
Dtsch Med Wochenschr. 2008 May;133(22):1173-7. German.
PMID: 18491272 [PubMed - in process]

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Resumo:
OBJETIVO: analisar o padrão dos movimentos respiratórios fetais (MRF) em gestantes diabéticas no terceiro trimestre de gestação. MÉTODOS: foram avaliadas 16 gestantes com diabetes mellitus pré-gestacional e 16 gestantes normais (grupo controle), com os seguintes critérios de inclusão: gestação única entre a 36ª e a 40ª semana, ausência de outras doenças maternas e ausência de anomalias fetais. No perfil biofísico fetal (PBF), foram avaliados os parâmetros: freqüência cardíaca fetal, MRF, movimentos corpóreos fetais, tônus fetal e índice de líquido amniótico. Os MRF foram avaliados por 30 minutos, período em que o exame foi integralmente gravado em fita de vídeo VHS para posterior análise do número de episódios de MRF, do tempo de duração dos episódios e do índice de movimentos respiratórios fetais (IMR). O IMR foi calculado pela fórmula: (intervalo de tempo com MRF/tempo de observação) x 100. No início e no final do PBF foi dosada a glicemia capilar materna. Os resultados foram analisados pelo teste de Mann-Whitney U e teste exato de Fisher, adotando-se nível de significância de 5 por cento. RESULTADOS: as glicemias demonstraram média significativamente superior nas diabéticas (113,3±35,3 g/dL) em relação às gestantes normais (78,2±14,8 g/dL, p<0,001). A média do índice de líquido amniótico mostrou-se maior no grupo das gestantes diabéticas (15,5±6,4 cm) quando comparado aos controles (10,6±2,0 cm; p=0,01). A média do número de episódios de MRF foi superior nas diabéticas (22,6±4,4) em relação aos controles (14,8±2,3; p<0,0001). A média do IMR nas diabéticas (54,6±14,8 por cento) foi significativamente maior do que no grupo controle (30,5±7,4 por cento; p<0,0001). CONCLUSÕES: os maiores valores glicêmicos podem estar associados a diferente padrão nos movimentos respiratórios de fetos de mães diabéticas. A utilização deste parâmetro do PBF, na prática clínica, deve ser considerada...(AU)

Fichamento - GESTAÇÃO DE ALTO RISCO

A vida da mulher é marcada por três fases particularmente significativas: a adolescência, a maternidade e a menopausa. Dessas, a maternidade talvez seja a que tem significado mais profundo.
Em primeiro lugar, porque a gravidez é, na maior parte das vezes, voluntária. A mulher pode decidir se quer ou não ter filhos, e isto jamais será uma decisão banal. Uma vez que se decida pela maternidade, pode planejar o número de filhos, o momento mais adequado para tê-los e o intervalo das gestações – o que não acontece com a adolescência e a menopausa, fases que não podem ser evitadas.
Em segundo lugar, a maternidade implica imediatamente a vida de um outro ser: o bebê. Além disso, uma mulher não gera filhos sozinha. Engravidar implica na participação masculina. Em geral, toda a família fica mobilizada à espera do bebê.
A gravidez é um processo natural, que normalmente transcorre sem problemas ou traumas. Pode e deve ocorrer de modo tranqüilo. E como faz nos grandes acontecimentos de sua vida, a mulher também deve preparar-se com cuidado para a experiência da maternidade.
O pré-natal
Ao descobrir-se grávida, toda mulher deve dirigir-se ao serviço de saúde ou ao seu médico, para dar início ao pré-natal, que deve iniciar-se cedo, no curso dos três primeiros meses da gravidez.
Sabidamente, o pré-natal bem feito assegura à gestante uma gravidez sem problemas, aumentando suas chances de ter um filho saudável e a própria saúde bem cuidada. Além de ser submetida a exames completos periódicos, a futura mãe obterá respostas para suas principais dúvidas e poderá falar sobre seus medos e inseguranças.
Nas primeiras consultas, será pesada, fará exame clínico e ginecológico completo e exames de sangue, urina e fezes. Se preciso, o médico poderá solicitar algum exame complementar, como o ultra-som, por exemplo.
Geralmente, as grávidas têm grande expectativa com relação à primeira consulta do pré-natal. Nesta, o objetivo principal é avaliar o seu estado geral de saúde, bem como o do feto. A partir desta avaliação o médico poderá idealizar um plano específico de consultas e cuidados futuros para com a grávida e seu bebê. Durante todo o pré-natal a gestante receberá informações diversas a respeito do processo de sua gravidez, do parto, do aleitamento, da maneira de cuidar de si e da criança por nascer. Na primeira fase do pré-natal ela deverá ser atendida pelo menos seis vezes, por profissionais de saúde, das quais pelo menos duas pelo médico.
Mas sendo a gestação um processo normal na vida das mulheres, será mesmo preciso tomar todos estes cuidados?
Claro que sim. Mesmo em se tratando de um processo natural, a gravidez é uma fase bastante especial. É muito comum, por exemplo, que no seu início a mulher tenha enjôo, tonturas, vômitos, dor de cabeça, salivação excessiva. É também usual que irrite-se por motivos que não merecem tanto desgaste, sinta muito sono, quase o tempo inteiro; ou fique muito sensível e chore à toa. Pode também ter muita prisão de ventre ou a sensação de estar todo o tempo com a bexiga cheia, com vontade freqüente de urinar. Tudo isto pode ser normal, no sentido de não apresentar maior significado, no presente e no futuro, nem para a mulher nem para o bebê. Mas também pode não ser.
A gestação de alto risco: o que é e por que acontece
Às vezes, uma mesma ocorrência não traz qualquer problema para uma pessoa, enquanto que, para outra, pode vir a acarretar algo especial. Assim, uma gripe é uma situação enfrentada quase normalmente por muita gente, sem maiores seqüelas. Mas caso alguém esteja muito fraco, alimentando-se mal ou com algum outro problema de saúde, o simples fato de contrair uma gripe pode conduzir a uma doença mais séria. Também a gravidez pode, em certas circunstâncias, trazer riscos à saúde da mãe e do bebê que virá a nascer.
A gestação é um fenômeno normal e, na maioria dos casos, sua evolução ocorre sem qualquer complicação. Porém, em cerca de 10 a 20% das mulheres, a gestação pode ocasionar problemas mais ou menos graves: as chamadas gestações de alto risco, ou seja, aquelas que podem afetar seriamente tanto o desenvolvimento e a saúde do feto como a saúde da mãe.
Vejamos um exemplo: no Brasil, de 70 a 150 mulheres em cada cem mil morrem por alguma causa ligada à gestação e ao parto. Entretanto, provavelmente viveriam caso não tivessem enfrentado uma gravidez de alto risco, para a qual não foram cuidadas ou preparadas.
E gravidez não é doença, não é justo que uma mulher morra ou fique doente por esse motivo. O mais grave é que a quase totalidade destas mortes não necessitaria acontecer, haja vista que 90% delas são evitáveis se as gestantes fossem acudidas a tempo.
Também não é justo que uma mãe perca o filho que tanto queria. Com um bom planejamento familiar e pré-natal, uma boa assistência ao parto e cuidados adequados após o nascimento da criança, tanto a mãe como o bebê estariam aproveitando a vida e gozando de boa saúde.
E isto não é novidade. Na Índia antiga, os sábios e as pessoas que cuidavam das mulheres já diziam que o acompanhamento e o cuidado dedicados à saúde física e emocional da gestante eram muito importantes e podiam evitar problemas para ela e seu filho.
Mas por que ocorre a gravidez de alto risco?
Uma gestação pode tornar-se uma gravidez de alto risco por várias razões, por exemplo: se a gestante viver numa região onde não exista água corrente nem sistema de esgoto isto - condições ambientais e sociais precárias - pode agravar problemas comuns da gravidez, trazendo perigo tanto para ela quanto para o feto; se ela fumar ou beber durante o período da gravidez isto também pode vir a prejudicar o bom desenvolvimento e crescimento da criança.
Entretanto, nem todos os fatores dependem das condições de vida ou do comportamento da mulher. Alguns dependem de fatos totalmente alheios a seu controle. Um deles, exemplificando, é quando a mulher descobre estar grávida de gêmeos. A partir desse momento ela entra automaticamente no grupo de gestação de alto risco, pois pode vir a ter anemia, pressão alta e outros problemas que trarão ameaça à sua saúde e à vida dos fetos, provocando um parto prematuro ou bebês muito pequenos e fracos.
Existem outros problemas próprios da gravidez e que podem trazer complicações para a saúde da mãe e do feto, como a pré-eclâmpsia. Nessa doença hipertensiva, específica dos últimos três meses de gravidez, a gestante apresenta inchações, dores de cabeça e problemas renais. Caso sua pressão não seja bem controlada, pode evoluir para a eclâmpsia durante ou após o parto, gerando convulsões, estados de coma e até mesmo a morte.
Há, igualmente, casos em que uma mulher já apresentava um problema de saúde anterior à gravidez, como o câncer de colo do útero ou doença do coração, moléstias estas que podem se agravar com a gravidez, trazendo grandes danos à mãe.
Gestação de alto risco: o que fazer?
Estas situações nos lembram que nem todas as pessoas são iguais e que nem toda gestação decorre tranqüilamente. Algumas podem trazer danos permanentes à saúde da mãe ou comprometer a saúde do bebê. Outras, podem resultar até mesmo em mortes ou em abortos. Para a maioria das mulheres, suas necessidades de saúde são resolvidas com cuidados e procedimentos simples. Para outras, as necessidades a serem resolvidas exigem cuidados, exames e equipamentos mais complexos.
Considerando-se o fato de que nem toda gravidez é igual,as pessoas que vierem a desenvolver uma gestação de alto risco necessitamde um pré-natal especial, de um acompanhamento especial ede um cuidado especial durante o parto e o pós-parto.
Nas gestações de alto risco é muito importante que o médico e os profissionais dos serviços de saúde identifiquem, o mais rapidamente possível, os problemas existentes e façam um diagnóstico das doenças ligadas à gravidez. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais fácil torna-se iniciar o tratamento e tomar os cuidados necessários, antes que ocorra qualquer dano à mãe ou ao feto.
As mulheres que estiverem nas situações descritas a seguir, e que engravidarem, serão candidatas naturais à gestação de alto risco:
que ficam grávidas de gêmeos, porque podem ter anemia, doença hipertensiva específica da gravidez, parto prematuro;
que têm hemorragias, tanto na primeira como na segunda metade da gravidez;
cujo bebê demora para nascer, indo além da 42ª semana;
que têm ou já tiveram filhos prematuros, pois o fato de a criança ter nascido antes de completar 37 semanas representa um agravo tanto para a criança como para a mãe. A desnutrição da mãe, a presença de infecção, a pressão alta, as doenças congênitas, o esforço físico exagerado, a tensão emocional estão entre as principais causas de nascimento de prematuros.
muito jovens, isto é, com menos de 15 anos;
que têm mais de 40 anos;
que vivem em condições de risco e de extrema pobreza;
que apresentam alguma doença do coração, do pulmão ou da tiróide;
que já tiveram algum aborto;
que são portadoras do vírus HIV.
Obviamente, esta lista não relaciona todos os casos possíveis. Dela constam apenas os mais comuns, que costumam conduzir o médico a um diagnóstico de gravidez de alto risco.
Do ponto de vista prático, importa saber que existem alguns problemas específicos da gravidez que podem aparecer em algumas mulheres e levá-las a desenvolver uma gestação de risco.
Assim, a gestante deve procurar imediatamente o serviço de saúde, de dia ou de noite, caso sinta:
1. sangramento vaginal ou qualquer perda de líquido pela vagina;
2. inchaço importante do rosto, dedos da mão e pernas;
3. dor de cabeça forte e demorada;
4. dor na barriga ou contrações e puxões do útero;
5. vista embaçada ou problemas de visão que aparecem de repente;
6. vômitos que duram muito;
7. febre e calafrios;
8.o bebê se mexer de modo muito diferente do habitual ou não se mexer por 10 ou 12 horas.
De acordo com suas características particulares, as gestantes de alto risco terão um controle pré-natal diferenciado tanto nos cuidados quanto no número de consultas. Em geral, visitarão o serviço de saúde no mínimo uma vez por mês, durante os seis primeiros meses de gravidez. Na fase final, no sétimo mês, estas visitas devem acontecer a cada 15 dias; e, posteriormente, uma vez por semana, até o momento do parto.
Dependendo da necessidade, poderão ser pedidos ou recomendados exames suplementares e tratamentos específicos, bem como repouso, alimentação e dietas especiais. Seu ganho de peso deverá manter-se entre 9 a 12 quilos; já que engordar exageradamente é prejudicial tanto para a mãe quanto para o feto, inclusive em condições normais de gravidez. É importante lembrar que a gestante jamais deve tomar remédios por conta própria ou por conselho de amigas.
A gestante de alto risco tem seus direitos aos cuidados especiais garantidos por lei. Nela deverão ser concentrados mais esforços sociais e familiares, para que possa vir a ter uma boa gestação e um bebê saudável, sem comprometimento de sua saúde. Se a participação do marido ou do companheiro já é indispensável na gestação normal, torna-se ainda mais importante na de alto risco. A melhor maneira de este ficar completamente informado sobre a situação é acompanhar a mulher ao pré-natal e colaborar no que for possível para que esse período transcorra com tranqüilidade.
A gestante de risco deve, ainda, poder contar com a ajuda da família, das amigas e amigos. Se a segurança afetiva é importante na vida da gestante normal, mais ainda o é no caso das mulheres que correm riscos na gravidez! Para elas devem se voltar os melhores cuidados, a maior paciência, o máximo carinho e atenção.
ATIVIDADES SUGERIDAS
I – Antes da sessão de vídeo
O coordenador das atividades (professor, agente de saúde ou educador) reunirá grupos de casais e grupos de mulheres da comunidade para assistirem o vídeo sobre gravidez de alto risco. Antes do início da sessão, para melhor motivá-los sobre o assunto, pergunta:
O que quer dizer gravidez de alto risco?
Quem conhece alguém que teve uma gravidez de alto risco? Por que foi assim chamada?
Que medidas foram adotadas neste(s) caso(s)? Achou certas tais medidas?
Que outras situações imaginam que possam levar a uma gravidez de alto risco?
O coordenador anota no quadro as diversas situações exemplificadas e estimular que todos participem da discussão, sem fazer qualquer correção ou crítica nesse primeiro momento.
II – Após a sessão de vídeo -
O coordenador retoma a discussão e solicita que os participantes complementem e/ou corrijam as idéias apresentadas antes da sessão. Completa, então, a lista das situações de alto risco, com a ajuda de todos.
No final, revê com todos os participantes os sinais de alerta de que algo não vai bem na gravidez, as medidas de urgência a tomar e a importância do pré-natal - sobretudo nas gestações de alto risco.

Informãção obtida na ANVISA

Gravidez de alto riscoPortaria MS/GM nº 3.477, de 20 de agosto de 1998Estabelece critérios para a inclusão de hospitais nos Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar em atendimento terciário à gravidez de alto risco

Pesquisa feita no cocrhane.

Resumos de Revisões Sistemáticas traduzidos ao Português (4)
-
Suplementação com cálcio durante a gravidez para prevenir hipertensão e problemas relacionados (Revisão Cochrane)
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Apoio social e emocional durante a gestação para mulheres com risco aumentado de ter bebês com baixo peso ao nascer
-
Testes bioquímicos para avaliação da função plancentária na gestação
-
Administração profilática de antibiótico na gestação para a prevenção de morbidade e mortalidade por infecção (Revisão Cochrane)

quarta-feira, 5 de março de 2008

AIDS NA GRAVIDEZ

18.10.05 - BRASIL

A Agência Brasil está publicando uma série de matérias sobre os problemas da Aids na gravidez. Cerca de 0,4% das mulheres grávidas brasileiras são portadoras de Aids ou do vírus HIV. De acordo com o Ministério da Saúde, a chance de transmissão para o bebê é de 20%, ou de 16% caso ela não amamente. Mas o tratamento de prevenção a transmissão de mãe para filho, se realizado adequadamente, pode reduzir esse risco a menos de 2%, chegando quase a zero.

Segundo o coordenador Obstétrico do Programa de Atenção a Gestante com HIV, do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, Marcos D’Ippolito, o tratamento é a grande esperança das mães que enfrentam a "dura realidade de serem portadoras do vírus HIV". Maria, de 31 anos, é uma gestante com muitas chances de não ter contaminado sua filha, um bebê de 15 dias. Desde a terceira semana de gravidez, ela tem feito o tratamento.



Maria, que prefere se identificar apenas pelo primeiro nome, conta que há dois anos descobriu ter Aids. Ela estava grávida de cinco meses e perdeu o bebê por complicações da doença. Apenas nessa ocasião soube estar infeccionada. "Eu já estava casada há sete anos e nunca pensei que isso pudesse acontecer comigo", contou. "O meu marido também tem Aids, e eu sei que a vida não vai ser fácil, mas precisamos ter força porque a nossa filha precisa da gente."



O tratamento para evitar a transmissão da aids de mãe para filho deve começar a partir da 14ª semana de gravidez. Caso isso não ocorra, ainda há a possibilidade de a mãe receber AZT (medicamento usado no tratamento da doença) injetável no momento do parto e, o bebê, o xarope de AZT durante as primeiras seis primeiras semanas de vida. Mas o risco de transmissão aumenta. De acordo com pesquisas do Ministério da Saúde, de quase zero, quando o tratamento é feito no início da gravidez, ele passa para 8%.



Quase metade das mulheres brasileiras portadoras do vírus da Aids não faz tratamento para evitar a transmissão da doença para o bebê. A estimativa é do Ministério da Saúde. Segundo dados do órgão, cerca de 13 mil mulheres portadoras do HIV engravidam a cada ano. Desse total, pouco mais de 7 mil se submetem ao tratamento. Porém, o número de gestantes portadoras do HIV que procuram tratamento tem aumentado gradativamente.



De acordo com o Ministério da Saúde, em 1997, quando o país começou a oferecer o tratamento de prevenção, apenas 1.472 mulheres tiveram acesso aos medicamentos - cerca de 11% das infectadas. Já o número de crianças infectadas por meio da mãe tem caído ano após ano. Em 1997, 1.011 bebês foram infectados, enquanto em 2003 esse número chegou a menos da metade. A meta é que esse número se aproxime do zero até 2008.



Nas regiões mais pobres do país, o problema se torna ainda mais grave pela falta de laboratórios com capacidade técnica de detectar a presença do vírus no sangue. Nas áreas carentes, explica o coordenador, o material tem que ser colhido e mandado para outra cidade, retardando o diagnóstico.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

ISSN 1519-3829 versão impressa
Resumo
CARVALHO, Valéria Conceição Passos de e ARAUJO, Thália Velho Barreto de. Adequação da assistência pré-natal em gestantes atendidas em dois hospitais de referência para gravidez de alto risco do Sistema Único de Saúde, na cidade de Recife, Estado de Pernambuco. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., jul./set. 2007, vol.7, no.3, p.309-317. ISSN 1519-3829.

OBJETIVOS: investigar a adequação da assistência pré-natal realizada por gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade do Recife, Pernambuco. MÉTODOS: estudo de corte transversal de 612 mulheres atendidas por ocasião do parto em duas unidades do SUS, referências para gravidez de alto risco no Recife, no período de junho a outubro de 2004. A avaliação do Pré-Natal foi baseada nos critérios do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento do Ministério da Saúde. RESULTADOS: a cobertura de pré-natal foi de 96,1%, sendo a média de consultas de 5,3. Apenas 38,0% das mulheres iniciaram o pré-natal até o quarto mês de gestação e realizaram seis ou mais consultas. Dentre as entrevistadas, 31% tiveram peso, pressão arterial, altura uterina e os batimentos cardiofetais aferidos em todas as consultas. A atenção pré-natal foi considerada adequada em 17,8% e não-adequada em 82,2% dos casos. CONCLUSÕES: A assistência pré-natal disponível para as gestantes na cidade do Recife, apesar de apresentar elevada cobertura, deve ser revista do ponto de vista qualitativo.

DeCS

Descritor Inglês: Pregnancy, High-Risk
Descritor Espanhol: Embarazo de Alto Riesgo
Descritor Português: Gravidez de Alto Risco
Sinônimos Português: Gestação de Alto Risco
Categoria: G08.520.769.500

Definição Português: Gravidez em que a mãe e/ou o FETO correm risco de MORBIDADE ou MORTALIDADE maior que o normal. Entre as causas estão a falta de CUIDADO PRÉ-NATAL inadequado, antecedentes obstétricos (ABORTO ESPONTÂNEO), doença materna pré-existente, doença induzida pela gravidez (hipertensão gestacional) e GRAVIDEZ MÚLTIPLA, bem como idade materna avançada (maior que 35 anos).
Nota de Indexação Português: mae ou feto em risco: precod FEMININO & GRAVIDEZ
Relacionados Português: Complicações na Gravidez

Qualificadores Permitidos Português: sangue líquido céfalo-raquidiano
efeitos de drogas etnologia
genética imunologia
metabolismo fisiologia
psicologia efeitos de radiação
urina

Número do Registro: 32069
Identificador Único: D018566

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Tratamento de gravidez de risco pelo SUS

A partir de JANEIRO, o ambulatório do Hospital Climério de Oliveira passou a atender, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mulheres não grávidas, com história anterior de perdas gestacionais e óbito fetal. As consultas gratuitas são realizadas pelo professor e especialista em gravidez de risco Dr. Manoel Sarno, que realizará o procedimento através de uma nova abordagem imunológica, com a investigação de fatores auto-imunes (contra a própria pessoa) e aloimune (imunidade de pessoas diferentes, no caso, o casal). Ele implantou este tipo de atendimento médico como parte das funções de professor assistente da faculdade de medicina da UFBA. O objetivo do médico é oferecer novas possibilidades terapêuticas para casos de perdas gestacionais e óbito fetal em atendimento clínico pelo SUS, além de realizar pesquisas inéditas no país com esse grupo de pacientes.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Fatores de risco anteriores à gravidez

Antes de se dar a concepção, é possível que a mãe tenha características ou condições que aumentem o risco durante a gravidez. Além disso, se já tiver tido um problema numa gravidez, o risco de ter o mesmo problema em gravidezes subsequentes é maior.

Características da mãe

A idade da mulher está estreitamente relacionada com o risco durante a gravidez. As raparigas com 15 anos ou menos têm mais probabilidades de desenvolver pré-eclampsia (uma doença caracterizada por uma tensão arterial elevada, proteínas na urina e retenção de líquidos durante a gravidez)e eclampsia (convulsões provocadas pela pré-eclampsia); também têm mais probabilidades de ter filhos de peso reduzido ao nascer ou desnutridos. Por outro lado, as mulheres com 35 anos ou mais têm mais probabilidades de ter a tensão arterial elevada, diabetes ou fibromas (formações não cancerosas) no útero, bem como problemas durante o parto. O risco de ter um bebé com alguma anomalia cromossómica, como a síndroma de Down, aumenta com rapidez a partir dos 35 anos. Se uma mulher grávida desta faixa etária estiver preocupada com a possibilidade de o seu feto desenvolver anomalias, pode submeter-se a uma análise das vilosidades coriónicas ou a uma amniocentese para determinar o conteúdo cromossómico do feto.

Uma mulher que pese menos de 45 kg quando não está grávida tem mais probabilidades de ter um bebé de menor tamanho do que o esperado, em relação ao número de semanas de gravidez (pequeno para a sua idade gestacional). Se o seu peso aumentar menos de 5 kg durante a gravidez, o risco de ter um bebé com essas características aumenta em quase 30 %. Pelo contrário, uma mulher obesa tem mais probabilidades de ter um bebé muito grande. A obesidade também aumenta o risco de contrair diabetes e tensão arterial alta durante a gravidez.

Uma mulher com menos de 1,60 m de altura tem mais probabilidades de ter uma pélvis pequena; daí que o risco de ter um parto prematuro e um bebé anormalmente pequeno pelo atraso do crescimento intra-uterino também seja maior que o habitual.

Problemas numa gravidez anterior

Uma mulher que tenha tido três abortos consecutivos sempre nos primeiros 3 meses de gravidez, tem cerca de 35 % de probabilidades de sofrer outro. O aborto também é mais provável se a mulher tiver tido um feto morto entre o quarto e o oitavo mês de gravidez ou se tiver tido um parto prematuro numa gravidez anterior.

Antes de tentar engravidar de novo, é aconselhável que a mulher que tenha tido um aborto se submeta a um teste de detecção de anomalias cromossómicas ou hormonais, defeitos estruturais no útero ou no colo uterino, doenças do tecido conjuntivo, como o lúpus ou uma reacção imune ao feto, geralmente por incompatibilidade do Rh. Se for descoberta a causa do aborto, é possível que esta possa ser tratada de forma adequada.

O facto de um feto nascer morto ou de um bebé recém-nascido morrer é associado a anomalias cromossómicas no feto, à diabetes, a alguma doença renal (crónica) ou dos vasos sanguíneos, à hipertensão arterial, à toxicodependência ou a uma doença do tecido conjuntivo, como o lúpus na mãe.

Por outro lado, quanto maior for o número de partos prematuros, maior é o risco de os repetir nas gravidezes seguintes. Uma mulher que tenha tido um recém-nascido com um peso inferior a 1,5 kg, tem 50 % de probabilidades de o seu próximo filho nascer antes de termo. Se um recém-nascido sofreu atraso do crescimento intra-uterino, é provável que isso se repita no seguinte. Nestes casos, investiga-se na busca da presença de doenças que possam atrasar o crescimento fetal, como a hipertensão arterial, afecções renais, aumento de peso inadequado, infecção, tabagismo e abuso do álcool.

Um recém-nascido que pese mais de 4,5 kg ao nascer indica que a mãe pode sofrer de diabetes. O risco de aborto ou de morte da mulher ou do recém-nascido aumenta se a mulher sofrer de diabetes durante a gravidez. Portanto, deve-se controlar esta doença nas mulheres grávidas, medindo os seus níveis de açúcar no sangue (glicose) entre as 20.ª e 28.ª semanas de gravidez.

A mulher que tenha tido seis ou mais gravidezes tem maiores probabilidades de ter leves contracções durante o parto e hemorragias depois do mesmo, devido ao debilitamento dos seus músculos uterinos. Também pode ter um parto rápido, que aumenta o risco de sofrer uma hemorragia vaginal abundante. Além disso, há muito mais probabilidades de ter uma placenta prévia (uma placenta anormalmente localizada na parte inferior do útero). Este problema pode provocar hemorragia e, como a placenta pode bloquear o colo uterino, geralmente deve-se fazer uma cesariana.

Se uma mulher já tiver tido um filho com uma doença hemolítica, o seguinte pode correr o risco de também nascer com essa doença, e a sua gravidade no recém-nascido anterior faz prever a que terá no seguinte. Esta doença desenvolve-se quando uma mãe cujo sangue é Rh-negativo tem um feto com sangue Rh-positivo (incompatibilidade de Rh) e a mãe produz anticorpos contra o sangue do feto (sensibilização ao Rh) que destroem os seus glóbulos vermelhos. Nesses casos, o sangue de ambos os progenitores é analisado. Se o pai tiver dois genes para o sangue Rh-positivo todos os filhos serão Rh-positivos; se tiver só um gene com estas características, o recém-nascido tem cerca de 50 % de probabilidades de ser Rh-negativo. Esta informação é útil para tomar as precauções necessárias com a mãe e com o feto em gravidezes subsequentes. Geralmente, na primeira gravidez com um filho com sangue Rh-positivo não costuma haver problemas, mas o contacto do sangue da mãe com o do recém-nascido durante o parto faz com que a mãe produza anticorpos anti-Rh e, portanto, os recém-nascidos seguintes podem sofrer complicações. No entanto, depois de uma mãe Rh-negativo dar à luz um recém-nascido Rh-positivo, costuma ser-lhe administrada imunoglobulina Rh0 (D) para destruir os anticorpos anti-Rh. O resultado é que a hemólise (destruição de hemácias) nos recém-nascidos é muito pouco frequente.

Uma mulher que tenha tido uma pré-eclampsia ou eclampsia tem probabilidades de tornar a tê-la, sobretudo se sofrer de hipertensão quando não está grávida.

Se uma mulher tiver tido um bebé com problemas genéticos ou malformações, fazem-se normalmente análises genéticas ao bebé (embora tenha nascido morto) e a ambos os pais antes doutra gravidez. No caso de a mulher engravidar de novo, fazem-se exames como ecografias, colheita de amostras de vilosidades coriónicas e amniocentese para ajudar a determinar as probabilidades de as anomalias se repetirem.

Alterações estruturais

As anomalias nos órgãos reprodutores femininos, como o útero bicorne ou um colo uterino débil que não consiga suster o feto em desenvolvimento (colo incompetente), aumentam o risco de aborto. Como consequência, pode ser necessário fazer intervenções cirúrgicas, ecografias ou radiografias para detectar estas alterações. Se uma mulher tiver tido vários abortos, estes testes são feitos antes de voltar a ficar grávida.

Os fibromas (formações não cancerosas) no útero, que são mais frequentes em mulheres mais velhas, podem aumentar o risco de um parto prematuro, a incidência de problemas durante o parto, uma apresentação anormal do feto, uma localização anormal da placenta (placenta prévia) e abortos repetidos.

Problemas médicos

Certas condições médicas numa mulher gestante podem pô-la em perigo e ao feto. As mais importantes são a hipertensão arterial crónica, doenças renais, diabetes, cardiopatias graves, doença tiróidea, lúpus eritematoso sistémico (lúpus) e perturbações da coagulação sanguínea.

História familiar

Uma história de atraso mental ou outras doenças hereditárias na família da mãe ou do pai aumenta a probabilidade de o recém-nascido vir a ter essa doença. A tendência para ter gémeos também se verifica no seio de uma mesma família.

O prazer da maternidade e suas dificuldades

A vida da mulher é marcada por três fases particularmente significativas: a adolescência, a maternidade e a menopausa. Dessas, a maternidade talvez seja a que tem significado mais profundo.

Em primeiro lugar, porque a gravidez é, na maior parte das vezes, voluntária. A mulher pode decidir se quer ou não ter filhos, e isto jamais será uma decisão banal. Uma vez que se decida pela maternidade, pode planejar o número de filhos, o momento mais adequado para tê-los e o intervalo das gestações – o que não acontece com a adolescência e a menopausa, fases que não podem ser evitadas.

Em segundo lugar, a maternidade implica imediatamente a vida de um outro ser: o bebê. Além disso, uma mulher não gera filhos sozinha. Engravidar implica na participação masculina. Em geral, toda a família fica mobilizada à espera do bebê.

A gravidez é um processo natural, que normalmente transcorre sem problemas ou traumas. Pode e deve ocorrer de modo tranqüilo. E como faz nos grandes acontecimentos de sua vida, a mulher também deve preparar-se com cuidado para a experiência da maternidade.

O pré-natal

Ao descobrir-se grávida, toda mulher deve dirigir-se ao serviço de saúde ou ao seu médico, para dar início ao pré-natal, que deve iniciar-se cedo, no curso dos três primeiros meses da gravidez.

Sabidamente, o pré-natal bem feito assegura à gestante uma gravidez sem problemas, aumentando suas chances de ter um filho saudável e a própria saúde bem cuidada. Além de ser submetida a exames completos periódicos, a futura mãe obterá respostas para suas principais dúvidas e poderá falar sobre seus medos e inseguranças.

Nas primeiras consultas, será pesada, fará exame clínico e ginecológico completo e exames de sangue, urina e fezes. Se preciso, o médico poderá solicitar algum exame complementar, como o ultra-som, por exemplo.

Geralmente, as grávidas têm grande expectativa com relação à primeira consulta do pré-natal. Nesta, o objetivo principal é avaliar o seu estado geral de saúde, bem como o do feto. A partir desta avaliação o médico poderá idealizar um plano específico de consultas e cuidados futuros para com a grávida e seu bebê. Durante todo o pré-natal a gestante receberá informações diversas a respeito do processo de sua gravidez, do parto, do aleitamento, da maneira de cuidar de si e da criança por nascer. Na primeira fase do pré-natal ela deverá ser atendida pelo menos seis vezes, por profissionais de saúde, das quais pelo menos duas pelo médico.

Mas sendo a gestação um processo normal na vida das mulheres, será mesmo preciso tomar todos estes cuidados?

Claro que sim. Mesmo em se tratando de um processo natural, a gravidez é uma fase bastante especial. É muito comum, por exemplo, que no seu início a mulher tenha enjôo, tonturas, vômitos, dor de cabeça, salivação excessiva. É também usual que irrite-se por motivos que não merecem tanto desgaste, sinta muito sono, quase o tempo inteiro; ou fique muito sensível e chore à toa. Pode também ter muita prisão de ventre ou a sensação de estar todo o tempo com a bexiga cheia, com vontade freqüente de urinar. Tudo isto pode ser normal, no sentido de não apresentar maior significado, no presente e no futuro, nem para a mulher nem para o bebê. Mas também pode não ser.

A gestação de alto risco: o que é e por que acontece

Às vezes, uma mesma ocorrência não traz qualquer problema para uma pessoa, enquanto que, para outra, pode vir a acarretar algo especial. Assim, uma gripe é uma situação enfrentada quase normalmente por muita gente, sem maiores seqüelas. Mas caso alguém esteja muito fraco, alimentando-se mal ou com algum outro problema de saúde, o simples fato de contrair uma gripe pode conduzir a uma doença mais séria. Também a gravidez pode, em certas circunstâncias, trazer riscos à saúde da mãe e do bebê que virá a nascer.

A gestação é um fenômeno normal e, na maioria dos casos, sua evolução ocorre sem qualquer complicação. Porém, em cerca de 10 a 20% das mulheres, a gestação pode ocasionar problemas mais ou menos graves: as chamadas gestações de alto risco, ou seja, aquelas que podem afetar seriamente tanto o desenvolvimento e a saúde do feto como a saúde da mãe.

Vejamos um exemplo: no Brasil, de 70 a 150 mulheres em cada cem mil morrem por alguma causa ligada à gestação e ao parto. Entretanto, provavelmente viveriam caso não tivessem enfrentado uma gravidez de alto risco, para a qual não foram cuidadas ou preparadas.

E gravidez não é doença, não é justo que uma mulher morra ou fique doente por esse motivo. O mais grave é que a quase totalidade destas mortes não necessitaria acontecer, haja vista que 90% delas são evitáveis se as gestantes fossem acudidas a tempo.

Também não é justo que uma mãe perca o filho que tanto queria. Com um bom planejamento familiar e pré-natal, uma boa assistência ao parto e cuidados adequados após o nascimento da criança, tanto a mãe como o bebê estariam aproveitando a vida e gozando de boa saúde.

E isto não é novidade. Na Índia antiga, os sábios e as pessoas que cuidavam das mulheres já diziam que o acompanhamento e o cuidado dedicados à saúde física e emocional da gestante eram muito importantes e podiam evitar problemas para ela e seu filho.

Mas por que ocorre a gravidez de alto risco?

Uma gestação pode tornar-se uma gravidez de alto risco por várias razões, por exemplo: se a gestante viver numa região onde não exista água corrente nem sistema de esgoto isto - condições ambientais e sociais precárias - pode agravar problemas comuns da gravidez, trazendo perigo tanto para ela quanto para o feto; se ela fumar ou beber durante o período da gravidez isto também pode vir a prejudicar o bom desenvolvimento e crescimento da criança.

Entretanto, nem todos os fatores dependem das condições de vida ou do comportamento da mulher. Alguns dependem de fatos totalmente alheios a seu controle. Um deles, exemplificando, é quando a mulher descobre estar grávida de gêmeos. A partir desse momento ela entra automaticamente no grupo de gestação de alto risco, pois pode vir a ter anemia, pressão alta e outros problemas que trarão ameaça à sua saúde e à vida dos fetos, provocando um parto prematuro ou bebês muito pequenos e fracos.

Existem outros problemas próprios da gravidez e que podem trazer complicações para a saúde da mãe e do feto, como a pré-eclâmpsia. Nessa doença hipertensiva, específica dos últimos três meses de gravidez, a gestante apresenta inchações, dores de cabeça e problemas renais. Caso sua pressão não seja bem controlada, pode evoluir para a eclâmpsia durante ou após o parto, gerando convulsões, estados de coma e até mesmo a morte.

Há, igualmente, casos em que uma mulher já apresentava um problema de saúde anterior à gravidez, como o câncer de colo do útero ou doença do coração, moléstias estas que podem se agravar com a gravidez, trazendo grandes danos à mãe.

Gestação de alto risco: o que fazer?

Estas situações nos lembram que nem todas as pessoas são iguais e que nem toda gestação decorre tranqüilamente. Algumas podem trazer danos permanentes à saúde da mãe ou comprometer a saúde do bebê. Outras, podem resultar até mesmo em mortes ou em abortos. Para a maioria das mulheres, suas necessidades de saúde são resolvidas com cuidados e procedimentos simples. Para outras, as necessidades a serem resolvidas exigem cuidados, exames e equipamentos mais complexos.

Considerando-se o fato de que nem toda gravidez é igual,
as pessoas que vierem a desenvolver uma gestação de alto risco necessitam
de um pré-natal especial, de um acompanhamento especial e
de um cuidado especial durante o parto e o pós-parto.

Nas gestações de alto risco é muito importante que o médico e os profissionais dos serviços de saúde identifiquem, o mais rapidamente possível, os problemas existentes e façam um diagnóstico das doenças ligadas à gravidez. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais fácil torna-se iniciar o tratamento e tomar os cuidados necessários, antes que ocorra qualquer dano à mãe ou ao feto.

As mulheres que estiverem nas situações descritas a seguir, e que engravidarem, serão candidatas naturais à gestação de alto risco:

que ficam grávidas de gêmeos, porque podem ter anemia, doença hipertensiva específica da gravidez, parto prematuro;

que têm hemorragias, tanto na primeira como na segunda metade da gravidez;

cujo bebê demora para nascer, indo além da 42ª semana;

que têm ou já tiveram filhos prematuros, pois o fato de a criança ter nascido antes de completar 37 semanas representa um agravo tanto para a criança como para a mãe. A desnutrição da mãe, a presença de infecção, a pressão alta, as doenças congênitas, o esforço físico exagerado, a tensão emocional estão entre as principais causas de nascimento de prematuros.

muito jovens, isto é, com menos de 15 anos;

que têm mais de 40 anos;

que vivem em condições de risco e de extrema pobreza;

que apresentam alguma doença do coração, do pulmão ou da tiróide;

que já tiveram algum aborto;

que são portadoras do vírus HIV.

Obviamente, esta lista não relaciona todos os casos possíveis. Dela constam apenas os mais comuns, que costumam conduzir o médico a um diagnóstico de gravidez de alto risco.

Do ponto de vista prático, importa saber que existem alguns problemas específicos da gravidez que podem aparecer em algumas mulheres e levá-las a desenvolver uma gestação de risco.

Assim, a gestante deve procurar imediatamente o serviço de saúde, de dia ou de noite, caso sinta:

1. sangramento vaginal ou qualquer perda de líquido pela vagina;

2. inchaço importante do rosto, dedos da mão e pernas;

3. dor de cabeça forte e demorada;

4. dor na barriga ou contrações e puxões do útero;

5. vista embaçada ou problemas de visão que aparecem de repente;

6. vômitos que duram muito;

7. febre e calafrios;

8.o bebê se mexer de modo muito diferente do habitual ou não se mexer por 10 ou 12 horas.

De acordo com suas características particulares, as gestantes de alto risco terão um controle pré-natal diferenciado tanto nos cuidados quanto no número de consultas. Em geral, visitarão o serviço de saúde no mínimo uma vez por mês, durante os seis primeiros meses de gravidez. Na fase final, no sétimo mês, estas visitas devem acontecer a cada 15 dias; e, posteriormente, uma vez por semana, até o momento do parto.

Dependendo da necessidade, poderão ser pedidos ou recomendados exames suplementares e tratamentos específicos, bem como repouso, alimentação e dietas especiais. Seu ganho de peso deverá manter-se entre 9 a 12 quilos; já que engordar exageradamente é prejudicial tanto para a mãe quanto para o feto, inclusive em condições normais de gravidez. É importante lembrar que a gestante jamais deve tomar remédios por conta própria ou por conselho de amigas.

A gestante de alto risco tem seus direitos aos cuidados especiais garantidos por lei. Nela deverão ser concentrados mais esforços sociais e familiares, para que possa vir a ter uma boa gestação e um bebê saudável, sem comprometimento de sua saúde. Se a participação do marido ou do companheiro já é indispensável na gestação normal, torna-se ainda mais importante na de alto risco. A melhor maneira de este ficar completamente informado sobre a situação é acompanhar a mulher ao pré-natal e colaborar no que for possível para que esse período transcorra com tranqüilidade.

A gestante de risco deve, ainda, poder contar com a ajuda da família, das amigas e amigos. Se a segurança afetiva é importante na vida da gestante normal, mais ainda o é no caso das mulheres que correm riscos na gravidez! Para elas devem se voltar os melhores cuidados, a maior paciência, o máximo carinho e atenção.


*Dr. Alberto Olavo Advincula Reis (USP)

**Dra. Maria Aparecida Andrés Ribeiro (UFMG)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Gestação de Alto Risco

ABC do Corpo Salutar
http://www.abcdocorposalutar.com.br

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Escrito por Helena von Eye Corleta e Heloisa Sarmento Barata Kalil



É a gestação que ocorre quando existe qualquer doença materna ou condição sócio-biológica que pode prejudicar a sua boa evolução. Na gestação de alto risco existe risco maior para a saúde da mãe e/ou do feto.


INDICAÇÃO DE ALTO RISCO



Fatores Individuais e Sócio Econômicos:



idade materna menor do que 17 anos ou maior do que 35 anos


altura materna menor do que 1,45 m


exposição a agentes físico-químicos nocivos e estresse


má aceitação da gestação


situação conjugal insegura


baixa escolaridade


baixa renda


peso materno inadequado


dependência de drogas lícitas ou ilícitas



História Ginecológica e Obstétrica Anterior:



gestação ectópica


abortamento habitual


infertilidade


anormalidades uterinas


feto morto ou morte neonatal não explicada


trabalho de parto prematuro


recém-nascido de baixo peso


neoplasia ginecológica


cirurgia uterina anterior


hemorragia ou pressão alta em gestação anterior



Doenças Maternas Prévias ou Concomitantes:



Cardiopatia (doença do coração)


Pneumopatia crônica (doença dos pulmões)


Doenças da tireóide


Retardo mental


Doenças sexualmente transmissíveis


Tumores


Doenças psiquiátricas


Epilepsia


Doenças hematológicas (do sangue)


Infecções



Doenças da Gestação Atual:



crescimento uterino maior ou menor do que o esperado


gestação gemelar ou múltipla


não realização de pré-natal ou pré-natal insuficiente


hipertensão associada a gestação


diabete associada a gestação


ruptura prematura de membranas (ruptura da bolsa antes de 37 semanas)


isoimunização (doença do RH)


ganho de peso excessivo


O seu médico saberá avaliar a necessidade de um acompanhamento mais rigoroso nas pacientes de alto risco. O conhecimento das patologias coexistentes e o acompanhamento por outros profissionais poderão ocorrer em alguns casos.

Nas gestações de alto risco é imprescindível o estabelecimento preciso da idade gestacional. Isto é realizado pela data da última menstruação (quando a paciente recordar) ou por ecografia precoce.