quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil

ISSN 1519-3829 versão impressa
Resumo
CARVALHO, Valéria Conceição Passos de e ARAUJO, Thália Velho Barreto de. Adequação da assistência pré-natal em gestantes atendidas em dois hospitais de referência para gravidez de alto risco do Sistema Único de Saúde, na cidade de Recife, Estado de Pernambuco. Rev. Bras. Saude Mater. Infant., jul./set. 2007, vol.7, no.3, p.309-317. ISSN 1519-3829.

OBJETIVOS: investigar a adequação da assistência pré-natal realizada por gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade do Recife, Pernambuco. MÉTODOS: estudo de corte transversal de 612 mulheres atendidas por ocasião do parto em duas unidades do SUS, referências para gravidez de alto risco no Recife, no período de junho a outubro de 2004. A avaliação do Pré-Natal foi baseada nos critérios do Programa de Humanização do Pré-Natal e Nascimento do Ministério da Saúde. RESULTADOS: a cobertura de pré-natal foi de 96,1%, sendo a média de consultas de 5,3. Apenas 38,0% das mulheres iniciaram o pré-natal até o quarto mês de gestação e realizaram seis ou mais consultas. Dentre as entrevistadas, 31% tiveram peso, pressão arterial, altura uterina e os batimentos cardiofetais aferidos em todas as consultas. A atenção pré-natal foi considerada adequada em 17,8% e não-adequada em 82,2% dos casos. CONCLUSÕES: A assistência pré-natal disponível para as gestantes na cidade do Recife, apesar de apresentar elevada cobertura, deve ser revista do ponto de vista qualitativo.

DeCS

Descritor Inglês: Pregnancy, High-Risk
Descritor Espanhol: Embarazo de Alto Riesgo
Descritor Português: Gravidez de Alto Risco
Sinônimos Português: Gestação de Alto Risco
Categoria: G08.520.769.500

Definição Português: Gravidez em que a mãe e/ou o FETO correm risco de MORBIDADE ou MORTALIDADE maior que o normal. Entre as causas estão a falta de CUIDADO PRÉ-NATAL inadequado, antecedentes obstétricos (ABORTO ESPONTÂNEO), doença materna pré-existente, doença induzida pela gravidez (hipertensão gestacional) e GRAVIDEZ MÚLTIPLA, bem como idade materna avançada (maior que 35 anos).
Nota de Indexação Português: mae ou feto em risco: precod FEMININO & GRAVIDEZ
Relacionados Português: Complicações na Gravidez

Qualificadores Permitidos Português: sangue líquido céfalo-raquidiano
efeitos de drogas etnologia
genética imunologia
metabolismo fisiologia
psicologia efeitos de radiação
urina

Número do Registro: 32069
Identificador Único: D018566

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Tratamento de gravidez de risco pelo SUS

A partir de JANEIRO, o ambulatório do Hospital Climério de Oliveira passou a atender, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mulheres não grávidas, com história anterior de perdas gestacionais e óbito fetal. As consultas gratuitas são realizadas pelo professor e especialista em gravidez de risco Dr. Manoel Sarno, que realizará o procedimento através de uma nova abordagem imunológica, com a investigação de fatores auto-imunes (contra a própria pessoa) e aloimune (imunidade de pessoas diferentes, no caso, o casal). Ele implantou este tipo de atendimento médico como parte das funções de professor assistente da faculdade de medicina da UFBA. O objetivo do médico é oferecer novas possibilidades terapêuticas para casos de perdas gestacionais e óbito fetal em atendimento clínico pelo SUS, além de realizar pesquisas inéditas no país com esse grupo de pacientes.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Fatores de risco anteriores à gravidez

Antes de se dar a concepção, é possível que a mãe tenha características ou condições que aumentem o risco durante a gravidez. Além disso, se já tiver tido um problema numa gravidez, o risco de ter o mesmo problema em gravidezes subsequentes é maior.

Características da mãe

A idade da mulher está estreitamente relacionada com o risco durante a gravidez. As raparigas com 15 anos ou menos têm mais probabilidades de desenvolver pré-eclampsia (uma doença caracterizada por uma tensão arterial elevada, proteínas na urina e retenção de líquidos durante a gravidez)e eclampsia (convulsões provocadas pela pré-eclampsia); também têm mais probabilidades de ter filhos de peso reduzido ao nascer ou desnutridos. Por outro lado, as mulheres com 35 anos ou mais têm mais probabilidades de ter a tensão arterial elevada, diabetes ou fibromas (formações não cancerosas) no útero, bem como problemas durante o parto. O risco de ter um bebé com alguma anomalia cromossómica, como a síndroma de Down, aumenta com rapidez a partir dos 35 anos. Se uma mulher grávida desta faixa etária estiver preocupada com a possibilidade de o seu feto desenvolver anomalias, pode submeter-se a uma análise das vilosidades coriónicas ou a uma amniocentese para determinar o conteúdo cromossómico do feto.

Uma mulher que pese menos de 45 kg quando não está grávida tem mais probabilidades de ter um bebé de menor tamanho do que o esperado, em relação ao número de semanas de gravidez (pequeno para a sua idade gestacional). Se o seu peso aumentar menos de 5 kg durante a gravidez, o risco de ter um bebé com essas características aumenta em quase 30 %. Pelo contrário, uma mulher obesa tem mais probabilidades de ter um bebé muito grande. A obesidade também aumenta o risco de contrair diabetes e tensão arterial alta durante a gravidez.

Uma mulher com menos de 1,60 m de altura tem mais probabilidades de ter uma pélvis pequena; daí que o risco de ter um parto prematuro e um bebé anormalmente pequeno pelo atraso do crescimento intra-uterino também seja maior que o habitual.

Problemas numa gravidez anterior

Uma mulher que tenha tido três abortos consecutivos sempre nos primeiros 3 meses de gravidez, tem cerca de 35 % de probabilidades de sofrer outro. O aborto também é mais provável se a mulher tiver tido um feto morto entre o quarto e o oitavo mês de gravidez ou se tiver tido um parto prematuro numa gravidez anterior.

Antes de tentar engravidar de novo, é aconselhável que a mulher que tenha tido um aborto se submeta a um teste de detecção de anomalias cromossómicas ou hormonais, defeitos estruturais no útero ou no colo uterino, doenças do tecido conjuntivo, como o lúpus ou uma reacção imune ao feto, geralmente por incompatibilidade do Rh. Se for descoberta a causa do aborto, é possível que esta possa ser tratada de forma adequada.

O facto de um feto nascer morto ou de um bebé recém-nascido morrer é associado a anomalias cromossómicas no feto, à diabetes, a alguma doença renal (crónica) ou dos vasos sanguíneos, à hipertensão arterial, à toxicodependência ou a uma doença do tecido conjuntivo, como o lúpus na mãe.

Por outro lado, quanto maior for o número de partos prematuros, maior é o risco de os repetir nas gravidezes seguintes. Uma mulher que tenha tido um recém-nascido com um peso inferior a 1,5 kg, tem 50 % de probabilidades de o seu próximo filho nascer antes de termo. Se um recém-nascido sofreu atraso do crescimento intra-uterino, é provável que isso se repita no seguinte. Nestes casos, investiga-se na busca da presença de doenças que possam atrasar o crescimento fetal, como a hipertensão arterial, afecções renais, aumento de peso inadequado, infecção, tabagismo e abuso do álcool.

Um recém-nascido que pese mais de 4,5 kg ao nascer indica que a mãe pode sofrer de diabetes. O risco de aborto ou de morte da mulher ou do recém-nascido aumenta se a mulher sofrer de diabetes durante a gravidez. Portanto, deve-se controlar esta doença nas mulheres grávidas, medindo os seus níveis de açúcar no sangue (glicose) entre as 20.ª e 28.ª semanas de gravidez.

A mulher que tenha tido seis ou mais gravidezes tem maiores probabilidades de ter leves contracções durante o parto e hemorragias depois do mesmo, devido ao debilitamento dos seus músculos uterinos. Também pode ter um parto rápido, que aumenta o risco de sofrer uma hemorragia vaginal abundante. Além disso, há muito mais probabilidades de ter uma placenta prévia (uma placenta anormalmente localizada na parte inferior do útero). Este problema pode provocar hemorragia e, como a placenta pode bloquear o colo uterino, geralmente deve-se fazer uma cesariana.

Se uma mulher já tiver tido um filho com uma doença hemolítica, o seguinte pode correr o risco de também nascer com essa doença, e a sua gravidade no recém-nascido anterior faz prever a que terá no seguinte. Esta doença desenvolve-se quando uma mãe cujo sangue é Rh-negativo tem um feto com sangue Rh-positivo (incompatibilidade de Rh) e a mãe produz anticorpos contra o sangue do feto (sensibilização ao Rh) que destroem os seus glóbulos vermelhos. Nesses casos, o sangue de ambos os progenitores é analisado. Se o pai tiver dois genes para o sangue Rh-positivo todos os filhos serão Rh-positivos; se tiver só um gene com estas características, o recém-nascido tem cerca de 50 % de probabilidades de ser Rh-negativo. Esta informação é útil para tomar as precauções necessárias com a mãe e com o feto em gravidezes subsequentes. Geralmente, na primeira gravidez com um filho com sangue Rh-positivo não costuma haver problemas, mas o contacto do sangue da mãe com o do recém-nascido durante o parto faz com que a mãe produza anticorpos anti-Rh e, portanto, os recém-nascidos seguintes podem sofrer complicações. No entanto, depois de uma mãe Rh-negativo dar à luz um recém-nascido Rh-positivo, costuma ser-lhe administrada imunoglobulina Rh0 (D) para destruir os anticorpos anti-Rh. O resultado é que a hemólise (destruição de hemácias) nos recém-nascidos é muito pouco frequente.

Uma mulher que tenha tido uma pré-eclampsia ou eclampsia tem probabilidades de tornar a tê-la, sobretudo se sofrer de hipertensão quando não está grávida.

Se uma mulher tiver tido um bebé com problemas genéticos ou malformações, fazem-se normalmente análises genéticas ao bebé (embora tenha nascido morto) e a ambos os pais antes doutra gravidez. No caso de a mulher engravidar de novo, fazem-se exames como ecografias, colheita de amostras de vilosidades coriónicas e amniocentese para ajudar a determinar as probabilidades de as anomalias se repetirem.

Alterações estruturais

As anomalias nos órgãos reprodutores femininos, como o útero bicorne ou um colo uterino débil que não consiga suster o feto em desenvolvimento (colo incompetente), aumentam o risco de aborto. Como consequência, pode ser necessário fazer intervenções cirúrgicas, ecografias ou radiografias para detectar estas alterações. Se uma mulher tiver tido vários abortos, estes testes são feitos antes de voltar a ficar grávida.

Os fibromas (formações não cancerosas) no útero, que são mais frequentes em mulheres mais velhas, podem aumentar o risco de um parto prematuro, a incidência de problemas durante o parto, uma apresentação anormal do feto, uma localização anormal da placenta (placenta prévia) e abortos repetidos.

Problemas médicos

Certas condições médicas numa mulher gestante podem pô-la em perigo e ao feto. As mais importantes são a hipertensão arterial crónica, doenças renais, diabetes, cardiopatias graves, doença tiróidea, lúpus eritematoso sistémico (lúpus) e perturbações da coagulação sanguínea.

História familiar

Uma história de atraso mental ou outras doenças hereditárias na família da mãe ou do pai aumenta a probabilidade de o recém-nascido vir a ter essa doença. A tendência para ter gémeos também se verifica no seio de uma mesma família.

O prazer da maternidade e suas dificuldades

A vida da mulher é marcada por três fases particularmente significativas: a adolescência, a maternidade e a menopausa. Dessas, a maternidade talvez seja a que tem significado mais profundo.

Em primeiro lugar, porque a gravidez é, na maior parte das vezes, voluntária. A mulher pode decidir se quer ou não ter filhos, e isto jamais será uma decisão banal. Uma vez que se decida pela maternidade, pode planejar o número de filhos, o momento mais adequado para tê-los e o intervalo das gestações – o que não acontece com a adolescência e a menopausa, fases que não podem ser evitadas.

Em segundo lugar, a maternidade implica imediatamente a vida de um outro ser: o bebê. Além disso, uma mulher não gera filhos sozinha. Engravidar implica na participação masculina. Em geral, toda a família fica mobilizada à espera do bebê.

A gravidez é um processo natural, que normalmente transcorre sem problemas ou traumas. Pode e deve ocorrer de modo tranqüilo. E como faz nos grandes acontecimentos de sua vida, a mulher também deve preparar-se com cuidado para a experiência da maternidade.

O pré-natal

Ao descobrir-se grávida, toda mulher deve dirigir-se ao serviço de saúde ou ao seu médico, para dar início ao pré-natal, que deve iniciar-se cedo, no curso dos três primeiros meses da gravidez.

Sabidamente, o pré-natal bem feito assegura à gestante uma gravidez sem problemas, aumentando suas chances de ter um filho saudável e a própria saúde bem cuidada. Além de ser submetida a exames completos periódicos, a futura mãe obterá respostas para suas principais dúvidas e poderá falar sobre seus medos e inseguranças.

Nas primeiras consultas, será pesada, fará exame clínico e ginecológico completo e exames de sangue, urina e fezes. Se preciso, o médico poderá solicitar algum exame complementar, como o ultra-som, por exemplo.

Geralmente, as grávidas têm grande expectativa com relação à primeira consulta do pré-natal. Nesta, o objetivo principal é avaliar o seu estado geral de saúde, bem como o do feto. A partir desta avaliação o médico poderá idealizar um plano específico de consultas e cuidados futuros para com a grávida e seu bebê. Durante todo o pré-natal a gestante receberá informações diversas a respeito do processo de sua gravidez, do parto, do aleitamento, da maneira de cuidar de si e da criança por nascer. Na primeira fase do pré-natal ela deverá ser atendida pelo menos seis vezes, por profissionais de saúde, das quais pelo menos duas pelo médico.

Mas sendo a gestação um processo normal na vida das mulheres, será mesmo preciso tomar todos estes cuidados?

Claro que sim. Mesmo em se tratando de um processo natural, a gravidez é uma fase bastante especial. É muito comum, por exemplo, que no seu início a mulher tenha enjôo, tonturas, vômitos, dor de cabeça, salivação excessiva. É também usual que irrite-se por motivos que não merecem tanto desgaste, sinta muito sono, quase o tempo inteiro; ou fique muito sensível e chore à toa. Pode também ter muita prisão de ventre ou a sensação de estar todo o tempo com a bexiga cheia, com vontade freqüente de urinar. Tudo isto pode ser normal, no sentido de não apresentar maior significado, no presente e no futuro, nem para a mulher nem para o bebê. Mas também pode não ser.

A gestação de alto risco: o que é e por que acontece

Às vezes, uma mesma ocorrência não traz qualquer problema para uma pessoa, enquanto que, para outra, pode vir a acarretar algo especial. Assim, uma gripe é uma situação enfrentada quase normalmente por muita gente, sem maiores seqüelas. Mas caso alguém esteja muito fraco, alimentando-se mal ou com algum outro problema de saúde, o simples fato de contrair uma gripe pode conduzir a uma doença mais séria. Também a gravidez pode, em certas circunstâncias, trazer riscos à saúde da mãe e do bebê que virá a nascer.

A gestação é um fenômeno normal e, na maioria dos casos, sua evolução ocorre sem qualquer complicação. Porém, em cerca de 10 a 20% das mulheres, a gestação pode ocasionar problemas mais ou menos graves: as chamadas gestações de alto risco, ou seja, aquelas que podem afetar seriamente tanto o desenvolvimento e a saúde do feto como a saúde da mãe.

Vejamos um exemplo: no Brasil, de 70 a 150 mulheres em cada cem mil morrem por alguma causa ligada à gestação e ao parto. Entretanto, provavelmente viveriam caso não tivessem enfrentado uma gravidez de alto risco, para a qual não foram cuidadas ou preparadas.

E gravidez não é doença, não é justo que uma mulher morra ou fique doente por esse motivo. O mais grave é que a quase totalidade destas mortes não necessitaria acontecer, haja vista que 90% delas são evitáveis se as gestantes fossem acudidas a tempo.

Também não é justo que uma mãe perca o filho que tanto queria. Com um bom planejamento familiar e pré-natal, uma boa assistência ao parto e cuidados adequados após o nascimento da criança, tanto a mãe como o bebê estariam aproveitando a vida e gozando de boa saúde.

E isto não é novidade. Na Índia antiga, os sábios e as pessoas que cuidavam das mulheres já diziam que o acompanhamento e o cuidado dedicados à saúde física e emocional da gestante eram muito importantes e podiam evitar problemas para ela e seu filho.

Mas por que ocorre a gravidez de alto risco?

Uma gestação pode tornar-se uma gravidez de alto risco por várias razões, por exemplo: se a gestante viver numa região onde não exista água corrente nem sistema de esgoto isto - condições ambientais e sociais precárias - pode agravar problemas comuns da gravidez, trazendo perigo tanto para ela quanto para o feto; se ela fumar ou beber durante o período da gravidez isto também pode vir a prejudicar o bom desenvolvimento e crescimento da criança.

Entretanto, nem todos os fatores dependem das condições de vida ou do comportamento da mulher. Alguns dependem de fatos totalmente alheios a seu controle. Um deles, exemplificando, é quando a mulher descobre estar grávida de gêmeos. A partir desse momento ela entra automaticamente no grupo de gestação de alto risco, pois pode vir a ter anemia, pressão alta e outros problemas que trarão ameaça à sua saúde e à vida dos fetos, provocando um parto prematuro ou bebês muito pequenos e fracos.

Existem outros problemas próprios da gravidez e que podem trazer complicações para a saúde da mãe e do feto, como a pré-eclâmpsia. Nessa doença hipertensiva, específica dos últimos três meses de gravidez, a gestante apresenta inchações, dores de cabeça e problemas renais. Caso sua pressão não seja bem controlada, pode evoluir para a eclâmpsia durante ou após o parto, gerando convulsões, estados de coma e até mesmo a morte.

Há, igualmente, casos em que uma mulher já apresentava um problema de saúde anterior à gravidez, como o câncer de colo do útero ou doença do coração, moléstias estas que podem se agravar com a gravidez, trazendo grandes danos à mãe.

Gestação de alto risco: o que fazer?

Estas situações nos lembram que nem todas as pessoas são iguais e que nem toda gestação decorre tranqüilamente. Algumas podem trazer danos permanentes à saúde da mãe ou comprometer a saúde do bebê. Outras, podem resultar até mesmo em mortes ou em abortos. Para a maioria das mulheres, suas necessidades de saúde são resolvidas com cuidados e procedimentos simples. Para outras, as necessidades a serem resolvidas exigem cuidados, exames e equipamentos mais complexos.

Considerando-se o fato de que nem toda gravidez é igual,
as pessoas que vierem a desenvolver uma gestação de alto risco necessitam
de um pré-natal especial, de um acompanhamento especial e
de um cuidado especial durante o parto e o pós-parto.

Nas gestações de alto risco é muito importante que o médico e os profissionais dos serviços de saúde identifiquem, o mais rapidamente possível, os problemas existentes e façam um diagnóstico das doenças ligadas à gravidez. Quanto mais rápido o diagnóstico, mais fácil torna-se iniciar o tratamento e tomar os cuidados necessários, antes que ocorra qualquer dano à mãe ou ao feto.

As mulheres que estiverem nas situações descritas a seguir, e que engravidarem, serão candidatas naturais à gestação de alto risco:

que ficam grávidas de gêmeos, porque podem ter anemia, doença hipertensiva específica da gravidez, parto prematuro;

que têm hemorragias, tanto na primeira como na segunda metade da gravidez;

cujo bebê demora para nascer, indo além da 42ª semana;

que têm ou já tiveram filhos prematuros, pois o fato de a criança ter nascido antes de completar 37 semanas representa um agravo tanto para a criança como para a mãe. A desnutrição da mãe, a presença de infecção, a pressão alta, as doenças congênitas, o esforço físico exagerado, a tensão emocional estão entre as principais causas de nascimento de prematuros.

muito jovens, isto é, com menos de 15 anos;

que têm mais de 40 anos;

que vivem em condições de risco e de extrema pobreza;

que apresentam alguma doença do coração, do pulmão ou da tiróide;

que já tiveram algum aborto;

que são portadoras do vírus HIV.

Obviamente, esta lista não relaciona todos os casos possíveis. Dela constam apenas os mais comuns, que costumam conduzir o médico a um diagnóstico de gravidez de alto risco.

Do ponto de vista prático, importa saber que existem alguns problemas específicos da gravidez que podem aparecer em algumas mulheres e levá-las a desenvolver uma gestação de risco.

Assim, a gestante deve procurar imediatamente o serviço de saúde, de dia ou de noite, caso sinta:

1. sangramento vaginal ou qualquer perda de líquido pela vagina;

2. inchaço importante do rosto, dedos da mão e pernas;

3. dor de cabeça forte e demorada;

4. dor na barriga ou contrações e puxões do útero;

5. vista embaçada ou problemas de visão que aparecem de repente;

6. vômitos que duram muito;

7. febre e calafrios;

8.o bebê se mexer de modo muito diferente do habitual ou não se mexer por 10 ou 12 horas.

De acordo com suas características particulares, as gestantes de alto risco terão um controle pré-natal diferenciado tanto nos cuidados quanto no número de consultas. Em geral, visitarão o serviço de saúde no mínimo uma vez por mês, durante os seis primeiros meses de gravidez. Na fase final, no sétimo mês, estas visitas devem acontecer a cada 15 dias; e, posteriormente, uma vez por semana, até o momento do parto.

Dependendo da necessidade, poderão ser pedidos ou recomendados exames suplementares e tratamentos específicos, bem como repouso, alimentação e dietas especiais. Seu ganho de peso deverá manter-se entre 9 a 12 quilos; já que engordar exageradamente é prejudicial tanto para a mãe quanto para o feto, inclusive em condições normais de gravidez. É importante lembrar que a gestante jamais deve tomar remédios por conta própria ou por conselho de amigas.

A gestante de alto risco tem seus direitos aos cuidados especiais garantidos por lei. Nela deverão ser concentrados mais esforços sociais e familiares, para que possa vir a ter uma boa gestação e um bebê saudável, sem comprometimento de sua saúde. Se a participação do marido ou do companheiro já é indispensável na gestação normal, torna-se ainda mais importante na de alto risco. A melhor maneira de este ficar completamente informado sobre a situação é acompanhar a mulher ao pré-natal e colaborar no que for possível para que esse período transcorra com tranqüilidade.

A gestante de risco deve, ainda, poder contar com a ajuda da família, das amigas e amigos. Se a segurança afetiva é importante na vida da gestante normal, mais ainda o é no caso das mulheres que correm riscos na gravidez! Para elas devem se voltar os melhores cuidados, a maior paciência, o máximo carinho e atenção.


*Dr. Alberto Olavo Advincula Reis (USP)

**Dra. Maria Aparecida Andrés Ribeiro (UFMG)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Gestação de Alto Risco

ABC do Corpo Salutar
http://www.abcdocorposalutar.com.br

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Escrito por Helena von Eye Corleta e Heloisa Sarmento Barata Kalil



É a gestação que ocorre quando existe qualquer doença materna ou condição sócio-biológica que pode prejudicar a sua boa evolução. Na gestação de alto risco existe risco maior para a saúde da mãe e/ou do feto.


INDICAÇÃO DE ALTO RISCO



Fatores Individuais e Sócio Econômicos:



idade materna menor do que 17 anos ou maior do que 35 anos


altura materna menor do que 1,45 m


exposição a agentes físico-químicos nocivos e estresse


má aceitação da gestação


situação conjugal insegura


baixa escolaridade


baixa renda


peso materno inadequado


dependência de drogas lícitas ou ilícitas



História Ginecológica e Obstétrica Anterior:



gestação ectópica


abortamento habitual


infertilidade


anormalidades uterinas


feto morto ou morte neonatal não explicada


trabalho de parto prematuro


recém-nascido de baixo peso


neoplasia ginecológica


cirurgia uterina anterior


hemorragia ou pressão alta em gestação anterior



Doenças Maternas Prévias ou Concomitantes:



Cardiopatia (doença do coração)


Pneumopatia crônica (doença dos pulmões)


Doenças da tireóide


Retardo mental


Doenças sexualmente transmissíveis


Tumores


Doenças psiquiátricas


Epilepsia


Doenças hematológicas (do sangue)


Infecções



Doenças da Gestação Atual:



crescimento uterino maior ou menor do que o esperado


gestação gemelar ou múltipla


não realização de pré-natal ou pré-natal insuficiente


hipertensão associada a gestação


diabete associada a gestação


ruptura prematura de membranas (ruptura da bolsa antes de 37 semanas)


isoimunização (doença do RH)


ganho de peso excessivo


O seu médico saberá avaliar a necessidade de um acompanhamento mais rigoroso nas pacientes de alto risco. O conhecimento das patologias coexistentes e o acompanhamento por outros profissionais poderão ocorrer em alguns casos.

Nas gestações de alto risco é imprescindível o estabelecimento preciso da idade gestacional. Isto é realizado pela data da última menstruação (quando a paciente recordar) ou por ecografia precoce.